BEM-ESTAR

Obesidade abdominal associada à fraqueza muscular eleva risco de síndrome metabólica

Obesidade abdominal associada à fraqueza muscular eleva risco de síndrome metabólica
Estudo de pesquisadores da UFSCar e University College London acompanhou por oito anos quase 4 mil pessoas com mais de 50 anos
📸 Pixabay

Estudo conduzido por pesquisadores das universidades Federal de São Carlos (UFSCar) e College London (Reino Unido) mostrou que a combinação de acúmulo de gordura na região abdominal com fraqueza muscular (dinapenia) é a condição que mais aumenta o risco de desenvolver síndrome metabólica em pessoas com mais de 50 anos de idade.

“Indivíduos com obesidade abdominal dinapênica tinham 234% mais risco de desenvolver síndrome metabólica em comparação com aqueles que não tinham nenhuma das duas condições. Isso é quase o dobro do que encontramos para os que tinham apenas obesidade [126%]. Dessa forma, demonstramos que ter as duas condições simultaneamente representa maiores alterações metabólicas”, explica Tiago da Silva Alexandre, professor do Departamento de Gerontologia da UFSCar e orientador do estudo apoiado pela Fapesp.

O trabalho envolveu a análise de um banco de dados de 3.952 britânicos com mais de 50 anos acompanhados por oito anos no âmbito do projeto Elsa (acrônimo em inglês para Estudo Longitudinal Inglês do Envelhecimento), que coleta dados multidisciplinares de uma amostra representativa da população britânica. A análise dos dados foi feita pelos pesquisadores da UFSCar.

Com base nos resultados, divulgados no “Journal of Nutrition, Health and Aging”, os pesquisadores alertam para a importância da prática de exercício físico – tanto aeróbico quanto resistido – para o ganho e a manutenção da força muscular durante o envelhecimento. A prática de exercício físico é também uma maneira de prevenção da síndrome metabólica.

Metabolismo alterado

Principal fator de risco para doenças cardiovasculares, a síndrome metabólica compreende cinco condições: obesidade, elevação dos níveis de triglicérides circulantes, hiperglicemia, redução do bom colesterol (HDL) e aumento da pressão arterial. O diagnóstico clínico é feito pela presença de três ou mais dessas alterações.

De acordo com os pesquisadores, são as disfunções no metabolismo do músculo, associadas à perda de força, que explicam o grande impacto da fraqueza muscular no risco aumentado de síndrome metabólica.

“Nos casos de fraqueza muscular há uma infiltração de gordura no músculo. Esse fenômeno, além de ser responsável pela perda de força, provoca uma série de alterações metabólicas no tecido que reduzem a sinalização de insulina, levando a uma maior resistência a esse hormônio, além de alterações no metabolismo da glicose e aumento da gordura no sangue [dislipidemia]”, explica Alexandre.

Paula Camila Ramírez, primeira autora do trabalho, ressalta que não é só a fraqueza que provoca essas alterações. “A fraqueza também é produto da alteração do músculo – que perdeu massa, sofreu infiltração de gordura e, consequentemente, está inflamado. Isso significa que o músculo está tendo dificuldade de realizar o seu próprio metabolismo e, por isso, prejudica o metabolismo dos carboidratos, dos lipídios e o controle da pressão arterial, ou seja, fatores relacionados à síndrome metabólica”, diz.

A inflamação provocada pela gordura infiltrada no músculo é só mais uma peça de todo um quebra-cabeça. Faz parte do processo natural de envelhecimento o aumento do tecido adiposo, o que pode desencadear uma inflamação crônica de baixo grau. Além disso, a obesidade por si só pode causar inflamação permanente de baixo grau e alterar o metabolismo.

Os pesquisadores ressaltam que as alterações que caracterizam a síndrome metabólica em grande parte vêm sendo atribuídas à obesidade. “No entanto, há evidências, e o nosso estudo contribui para isso, de que o problema é mais complexo. A obesidade e a fraqueza muscular contribuem para o ganho de gordura e para a infiltração de gordura no músculo. Esses dois fatores desencadeiam alterações no metabolismo do sistema musculoesquelético e podem influenciar outras alterações metabólicas”, relata Alexandre.

Estudo anterior do mesmo grupo mostrou que a obesidade abdominal e a fraqueza muscular, quando associadas, aumentam em 85% o risco de morte por doenças cardiovasculares em pessoas com mais de 50 anos. Nesse trabalho, a fraqueza muscular em si só aumentou em 62% o risco de morte por doença cardiovascular. Curiosamente, as pessoas analisadas que tinham apenas gordura abdominal não apresentaram um aumento significativo no risco de morte cardiovascular (leia mais em: agencia.fapesp.br/42053).

“Na ocasião identificamos o impacto da combinação de fraqueza muscular e obesidade na incidência de doenças cardiovasculares. Agora, buscamos entender o mecanismo por trás disso. E entendemos que é o metabolismo do próprio músculo que, quando alterado, pode contribuir para uma série de alterações metabólicas que culminam na síndrome metabólica”, completa.


+ Stnews

Bipolaridade: apoio dos familiares e conscientização ajudam no tratamento do transtorno

O apoio de familiares, parceiros e amigos melhora os resultados do tratamento do Transtorno Bipolar (TB). A doença é marcada pela alteração do humor que pode variar entre epi...

Leia +

O infarto em um ex – atleta transmite uma importante mensagem que todos devemos compreender

Geralmente, as mídias de grande impacto reservam um espaço ou uma coluna em sua grade para algum assunto de destaque relacionado à saúde. Com o intuito de ofere...

Leia +

A pressão alta pode prejudicar sua circulação – conheça os riscos que você está correndo!

Estima-se que aproximadamente 25% da população brasileira sofra com níveis pressóricos elevados. A hipertensão arterial sistêmica, popularmente conhecida como “...

Leia +

Vacina contra o HPV está disponível em dose única em Rio Preto

A Secretaria de Saúde de Rio Preto vai seguir a nova estratégia de vacinação contra o HPV, adotada pela Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério da Saúde, com ...

Leia +

Estudo mostra que consumo excessivo de proteínas pode causar doenças cardiovasculares

Pesquisa feita pela Universidade de Pittsburgh e publicada na revista especializada Nature Metabolism mostra que o excesso de proteínas pode prejudicar a saúde e indica...

Leia +